segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O CARIBE COMEÇA AQUI. CARACAS!

Domingo, dia 28. Acertamos com um motorista de taxi para nos pegar às 9h para um “tour” pela região. Ficou acertado que pagaríamos Bs 70,00 por hora de passeio, menos que uma corrida de taxi da rodoviária de Teresina até o centro e o Angel, que é estudante de direito, ainda nos serviu de guia turístico. Foram duas horas apreciando as cidades, o Mar do Caribe e aprendendo sobre a região.
Com o pirta do Caribe
Às 11h, quando voltamos ao hotel foi só arrumar a bagagem nas motos e estrada, muita estrada com destino a Caracas. Nem que eu quisesse conseguiria descrever esta tarde de pilotagem pelas estradas e dentro do trânsito dessa terra. Muda-se de estradas boas para esburacadas e em reparos a todo momento, sem contar que a todo instante alternamos de estradas duplicadas para simples e vice-versa. Rodovias sinuosas e com um trânsito muito intenso são uma constante por aqui.
Ouvimos insistentes alertas sobre os perigos de Caracas, tanto pelos companheiros de Manaus e Boa Vista como pelo próprio povo venezuelano que se aproximava para conversar conosco sobre nossas  motos e nossas viagens. Chegou ao ponto de um hotel não nos hospedar por não dar garantia sobre o estacionamento de nossas motocicletas e nos aconselhou a nos hospedarmos em Chacao, segundo ele a região mais rica e segura de Caracas. Esta segurança saiu um tanto caro pois o hotel, da rede Pestana, cobrou 1.620,00 mangos  pela diária e não tivemos outra alternativa pois já era noite e estávamos muito cansados. Em tempo e para vocês não ficarem pensando besteira, foram 1.620,00 bolivares.
Segunda, dia 29. Acordamos tranqüilos e bem relaxados em função do conforto do hotel. Dia a ser dedicado  a nossas princesas, dia de revisão e de cuidados especiais. Tomamos um bom café e fomos para a BMW, um tanto quanto desorganizada mas que cumpriu o seu papel. Revisadas as motos voltamos para o hotel e deixamos as motos já preparadas para a partida no dias seguinte. Com tantos alertas sobre a cidade resolvemos não demorar mais tempo e se possível apenas fazer um “tour” pela cidade. Como hoje é lunes muitas atrações turísticas estão cerradas o que não nos permitiu subir as montanhas de Caracas no teleférico da cidade, apenas fomos ao centro comercial e depois fiz algumas fotografias da cobertura do hotel.
Atrás dos prédios as famosas favelas sobre os morros

CHEGOU A VEZ DA VENEZUELA

Sexta, dia 26, partimos de Boa Vista às 7h na certeza de que encontraríamos boas estradas e logo entraríamos  em território venezuelano. A Paisagem a partir deste ponto vai mudando para grandes áreas que se assemelham ao nosso cerrado e segue mudando até entrarmos nas savanas da Venezuela. Pois é, as estradas nem estão tão boas, já existem muitos buracos e irregularidades que preocupam. Tudo correu bem e chegamos a Pacaraima onde fizemos câmbio de moeda, R$ 1 = Bs 4,80, registramos nossa saída na PF e partimos para cruzar e linha fronteiriça entre os dois países.
Hora do primeiro abastecimento com a famosa gasolina venezuelana: “boa e barata”. Em um posto internacional que a Venezuela mantém naquela fronteira existia uma fila quilométrica de carros esperando abastecimento, e agora? Fomos avisados que motos podem furar a fila e lá fomos nós e nossas princesas: nós na expectativa  do preço, as motos na expectativa da qualidade. Tudo como esperado, gasolina de ótima qualidade a R$ 0,50.
Em seguida tivemos que enfrentar a “burrocracia” desse país, perdemos quase 3 horas para termos em nossas mãos a tal “permission” exigida para tráfego de veículos brasileiros em território venezuelano. Confesso que isso me deixou um tanto triste e criou uma expectativa desestimuladora naquele momento. Já passava das 13h quando de fato reiniciamos nossa viagem. A chuva nos persegue desde Manaus e mesmo assim o calor é terrível. Saímos de Santa Helena e começamos a subida para “La Gran Sabana”, uma região linda e cheia de rios e cachoeiras.
Passamos um posto de controle do exército e não carimbamos a tal “permission”, resultado dali a 9km a polícia nos manda voltar para que o carimbo seja colocado. E tome chuva.
Cachoeira de Kama Meru
O Monte Roraima está atrás da névoa e do arco-iris
Paramos para abastecer em San Izidro e veio nova surpresa: no interior do país aquela gasolina maravilhosa, de 95 octanas, custa Bs 0,097 = R$ 0,02. Minha moto pegou Bs 0,82 e o bombeiro simplesmente dispensou. Gente, gasolina de graça! Novamente nesse posto a fila era imensa e furamos a fila, claro, com autorização do exército que é o responsável pela organização das filas. Finalmente, já à noite, fomos dormir numa cidade por nome Tumeremo e nos hospedamos em um hotel de -5 estrelas. O banheiro  não tinha luz nem porta, as toalhas não enxugavam nada, o ar-condicionado não funcionava e ainda tivemos que subir 3 longos lances de degraus.
Sábado, dia 27. A rotina de sempre: acordar cedo e partir. Embora a qualidade do hotel fosse das piores o cansaço nos permitiu dormir e descansar. Nos abastecimentos seguintes já não tínhamos surpresas, notamos entretanto que as filas sumiram. Em Ciudad Guayana tivemos o primeiro contato com o trânsito das grandes cidades desse país, um caos a la Cairo ou índia. Tanto eu como Wyle concordamos que os motoristas daqui são um pouquinho  mais educados que os do nosso país.
Ponte sobre o rio Orinoco construída pela Andrade Gutierrez
Depois de nos livrarmos do trânsito resolvemos ir dormir em Puerto La Cruz, porta de entrada para o Mar do Caribe e principal acesso para as Ilhas Marguerita. Já bem relaxado descuidei e quase senti o gosto de uma “pane seca em minha moto”. A placa dizia 119km para El Tigre, o próximo abastecimento, e o computador dizia, só temos gasolina para 85km. Diminuímos a velocidade para uma maior economia até que uma placa avisou: faltam  45km e o computador respondeu: só dá para 33km. Então apareceu uma borracharia, parei e pedi 2 litros de gasolina. Fui prontamente atendido e o senhor não quis receber pelo combustível. Aaté o povo distribui gasolina de graça!
Chegamos a Puerto La Cruz e guiados pelo GPS do Wyle, já que o meu morreu, nos hospedamos em um bom hotel para compensar o da noite anterior.

domingo, 28 de agosto de 2011

UM COMEÇO DE ARREPIAR

Nesta quarta acordamos cedo e muito ansiosos para iniciarmos viagem, principalmente depois de sabermos que nosso amigo Clark e Nelza nos acompanhariam até Presidente Figueiredo, a cidade das cachoeiras. Ao chegarmos no estacionamento do hotel, para pegarmos as motos e arrumar as respectivas bagagens, já encontramos os dois ali plantados nos esperando. Depois de alguns momentos de cumprimentos e abraços partimos juntos e felizes. Em Presidente Figueiredo tomamos um café regional à base de café com leite e tapioca com queijo e fomos dar umas voltas pelas ruas da cidade, em seguida nos despedimos e cada um seguiu para seu destino.
                                          Com o casal amigo, Clark e Nelza
Debaixo de muito calor ainda fizemos uma parada para visitar uma das cachoeiras da região, a Cachoeira Iracema.
A partir deste momento nosso foco passou a ser Boa Vista, pois não tínhamos certeza se conseguiríamos chegar neste mesmo dia, faltavam mais de 500 km, sendo que 300 se resumia a buracos, crateras e lama. Depois de mais alguns quilômetros uma placa nos avisava: Boa Vista a 557 km e Caracas a 1998 km.
                          
Atravessamos a reserva indígena Waimiri Atroarí, pela qual só se transita das 6 às 18h e chegamos a um lugarejo chamado Jundiá. Abastecemos as motos, lanchamos e às 14:30h partimos para o nosso desafio: chegar a Boa Vista neste mesmo dia depois de serpentear por entre buracos dos mais diversos tipos, tamanhos e profundidade e através de trechos totalmente enlameados em virtude da chuva que nos acompanhou por toda a tarde/noite.  Logo depois de Jundiá cruzamos o marco que sinaliza a linha do equador, estávamos tão concentrados nos buracos, lama e chuva que nem registramos o exato momento em que trocamos de hemisfério, de sul para norte.

300 km de um "pedaço de mau caminho"

A poesia diz que havia uma pedra no meio do caminho, no entanto no meu caminho apareceu um buracão de repente e eu mergulhei dentro dele. A mistura de som de metal sobre metal com meu gemido, salto para o ar e volta à terra pareceu nada quando pude me certificar de que ainda estava sobre a moto. Quando vi o buraco não dava tempo para outra atitude a não ser ficar de pé sobre as pedaleiras  e usar os joelhos como amortecedor. Saldo do evento: roda dianteira amassada. Mas como é raiada e com câmara pudemos chegar ao destino às 21h, cansados, esfomeados, suados, enlameados mas felizes por estarmos bem e as motos... bem, nem tanto. Wyle falou que sua pontaria estava ótima, acertou quase todos os buracos.
Na quinta precisávamos providenciar documento necessário para transitar por território venezuelano. O BR conselheiro de Roraima, Winston, nos deu as dicas e lá fomos nós, de taxi, pois amanheceu chovendo. Rapidamente o documento estava em nossas mãos e tratamos de dar um trato nas princesas: lavagem e lubrificação. Winston veio nos encontrar na hora do almoço e passou a tarde conosco. Com ele descobrimos que em Boa Vista tem um Jean que deixaria a roda da moto em perfeito estado. Não deu outra, depois de uma tarde inteira dedicada a essa atividade a BMW estava pronta enfrentar qualquer estrada. Após ingerirmos grandes quantidades de um delicioso açaí e “city tour” Winston voltou para sua cidade que fica a 60 km de Boa Vista e nós voltamos ao hotel para descansar e nos prepararmos para o dia seguinte: “Que venga  la Venezuela”
                         Recebendo as mtos depois do trato, na companhia do Winston

Com Winston e Nego Veio, melhor mecânico da cidade.
A BM com a pata dianteira machucada
                       O Jean é competente, consertou a roda na base da pancada
Igreja que marcou a fundação de Boa Vista
                      Em frente ao monumento ao garimpeiro, cartão postal da cidade.
Boa Vista é uma cidade bonita, funcional e simpática e o que mais me encantou nela foi a receptividade, presteza e atenção do seu povo para conosco e o Winston foi parte determinanteneste processo. Saio dessa cidade com a certeza de que vou voltar para usufruí-la melhor.Aconteceu um pequeno incidente com um taxista mas conto em outra oportunidade.


terça-feira, 23 de agosto de 2011

AMAZÔNIA, O PRIMEIRO DESAFIO

Depois de 9 horas, entre aeroporto e vôos, desembarquei em Manaus. Wyle estava me esperando na saída do desembarque e logo em seguida nos encontramos com nossos anfitriões nessa cidade. Clark, Nelza e Marcos, depois dos abraços e cumprimentos, nos conduziram ao Hotel Tropical, não sem antes reclamarem o direito de nos hospedarem em suas casas e insistirem para que aceitássemos um carro até o recebimento das motos. O hotel está localizado nas margens do Rio Negro, uma localização privilegiada mas bem distante do centro da cidade, 16 km.
                                         Capturando uma onça solta nos jardins do hotel.
                                         Por do sol visto do píer do hotel no Rio Negro.
                                         Foto com nossos anfitriões, ao lado do Teatro Amazonas.
Na segunda, como as motos só chegariam à tardinha, contratamos um passeio pelos rios Negro e Solimões e passamos o dia navegando e admirando belezas da região.
                                         Encontro das águas I
                                         Encontro das águas II
                                         Paisagem das margens do Rio Negro
                                         Paisagem das margens do Rio Negro II
                                         Lago Vitória Régia.

                                          Vista do porto de Manaus.

                                         Palafitas.
                                         Ponte sobre o Rio Negro, a ser inaugurada em outubro deste ano.
Terça, dia 23/08, hora de voltar ao convívio com as duas princesas. Depois de muita burocracia no porto e pagamento de taxas absurdas, conseguimos retirar nossas motos sem esquecer a ajuda importantíssima do amigo BR Marcelo que deixou seus afazeres para nos acompanhar por toda manhã desse dia. No porto de Manaus funciona a seguinte regra: para entrar é grátis, para sair paga-se um tal de pedágio.
                                         Minha princesa na saída do porto.
                                         Com os amigos BR Marcelo e Shigueo, numa revenda Yamaha.
Para a parte da tarde fomos convidados para um passeio de lancha por lagos e praias da região de Manaus. Enchemos nossos olhos com imagens lindas da região e comemos um delicioso pirarucu, de quebra um ótimo tambaqui.
                                         Nós e a lancha.
                                         Com o piloto e proprietário da lancha, Márcio.
                                          Paisagem da praia de tupé.
                                          Momento do por do sol do interior da lancha em movimento.
                                     
                                         Por do sol com imagem de uma parte do hotel Tropical.
Amanhã é dia de continuar nossa jornada e sairemos bem cedo com destino a Boa Vista, em Roraima. Não posso deixar de registrar o apoio, carinho e atenção que recebemos por parte dos amigos de Manaus, BR ou não. E para não cometer a injustiça de omitir algum nome agradeço a todos que estiveram conosco nas pessoas do casal Clark e Nelza. A única forma de retribuir o que fizeram com a gente é repassar toda essa atenção aos companheiros que passarem por nossa terra.