quarta-feira, 14 de setembro de 2011

DESCENDO A CORDILHEIRA PARA SAIR DO EQUADOR E ENTRAR NO PERU

Dia 12-09. Na verdade o problema de saúde do Wyle tudo indica ser uma crise renal. Quando estávamos passando pela cidade de Ambato ele parou em uma lanchonete por causa das dores que ele pensava serem cólicas intestinais. A dona da lanchonete foi muito amável e prestativa conosco, Dona Pati nos acolheu, providenciou um chá e quando falei em buscopan ela me apareceu com uma buscapina compuesta que é o equivalente aqui e não nos cobrou nada. Como as dores o incomodavam muito e não diminuíam eu logo opinei que aquilo mais parecia problema renal. Resolvemos então procurar um hotel e permanecer ali para que ele repousasse. Como as dores não cediam, depois de procurar uma farmácia fomos a um hospital público, muito simples mas limpo e organizado. Wyle passou rapidamente por uma triagem e foi encaminhado para uma médica que após o exame mandou aplicar uma ampola de diclofenaco e solicitou um exame de urina. O hospital nos cedeu o medicamento e também fez o exame em regime de urgência. A minha suspeita se confirmou, os médicos também suspeitaram de cálculo renal. Como não havia tempo para exames complementares recomendaram que isso fosse feito na primeira oportunidade. Quanto custou tudo isso? Apenas um aperto de mão e um desejo de “buena sorte”.  
Ontem, após o trecho ruim da estrada, ele voltou a sentir as dores. Como as dores não cederam resolvemos passar o dia aqui em Macará e procurar ajuda. Esta é uma cidade pequena mas muito simpática e organizada.
Não consegui desentortar esta. Olha o detalhe da cordilheira ao fundo.
Pedimos um taxi e o motorista nos levou a um senhor que fez uma massagem no Wyle e aliviou suas dores. Em seguida fomos a uma farmácia para tomar outra injeção, ao chegarmos lá havia um médico conversando com a dona da farmácia e o Wyle não perdeu tempo: “senhor pode me aplicar esta injeção”. O médico, muito jovem e simpático, atendeu o pedido e aplicou a injeção ali mesmo, no meio da rua, com ele deitado dentro do taxi.
Quero fazer alguns comentários sobre duas coisas: as curvas da estrada e o consumo das motos. No primeiro caso alguns podem estar achando que estou exagerando, por isso fiz a sequência de fotos abaixo para provar que estamos usando bastante as laterais dos pneus. Observem que os biscoitos da banda de rodagem ainda estão quase perfeitos depois de quase 8.000 km e que a borracha lateral já está bastante utilizada o que deve dar uma ideia de até onde estamos inclinando as motos.
Não acreditam? Que tal fazer um teste por aí mesmo.
No caso do consumo se alguém me dissesse que teria rodado 453,3 km com um tanque de 16l de uma F800 eu não acreditaria. Pois acreditem, quando paramos para abastecer na cidade de Loja a BM tinha rodado 453,3 km e o computador ainda projetava 69 km de autonomia. Alguém pode pensar que estávamos só descendo, não é verdade, a altitude da cidade de onde saímos, Riobamba, é praticamente a mesma de Loja. Podemos então concluir que subimos e descemos a mesma altitude. Não peçam explicações eu também não saberia responder a razão.  A gasolina aqui custa de R$ 0,65 a R$ 0,97 o litro, dependendo da qualidade, e olha que estamos usando a extra que é a mais barata, a mais cara é a super. Querem mais? A moto do Wyle ainda consegue ser mais econômica que a minha. No abastecimento anterior consegui a marca de 293,7 km rodados e mais uma projeção de autonomia do computador para 151 km. Eu queria que isso fosse no Brasil. Desculpem, apenas “sonho de motociclista”. Registro: Uma corrida de taxi, taxi e não mototaxi, aqui custa R$ 1,70.
Dia 13-09. Agora estamos em Trujillo, a um dia de viagem de Lima e pela segunda vez estamos dormindo em um motel, em quartos separados, é claro. Saímos de Macará pouco depois das sete e fomos direto para a fronteira. Foi o processamento de papeis mais rápido até agora, em pouco mais de uma hora estávamos liberados para viajar pelo Peru. Na hora em que se cruza a fronteira já sente a diferença entre os dois países, em uma observação rápida vê-se logo que o Equador é mais organizado, limpo e o povo mais simpático e receptivo. Nosso cartão de visitas veio logo a seguir: um motorista irresponsável jogou a mim e o Wyle para fora da estrada, sorte que a estrada é boa e tem acostamento.  Isto se repetiu algumas vezes durante o dia de hoje. Na mudança de fronteira muda também a geografia: logo que se entra nesse país a vegetação, que parece com a nossa caatinga, vai rareando até se transformar num imenso deserto e mesmo assim existem cidades plantadas no meio dele. As imensas favelas pelas quais passamos nos dá uma ideia da pobreza desse povo, e o que existe muito aqui é moto-taxi tipo tuck-tuck.
Estou pensando em modernizar a frota de Oeiras.
A carretera panamericana neste país é um capítulo à parte, entre os poucos defeitos está o fato de atravessar o centro de quase todas as cidades, submetendo seus usuários aos trânsitos infernais das mesmas. Hoje foi dia de muitas retas e pouquíssimas curvas e quase sem subidas e descidas. Pilotamos o dia inteiro debaixo de muito sol mas com temperatura em torno de 20 graus, até que à tardinha o tempo fechou e a temperatura baixou rapidamente e nos assustou, tanto é que resolvemos parar para descansar 100 km antes do pretendido. Outro detalhe é que a velocidade aqui é no máximo 90 km/h e a presença da polícia é constante em toda a estrada, isto nos faz andar num ritmo entre 90 e 110 com muito cuidado para não sermos apanhados pelos meganhas.
A imensidão do deserto, nada além de areia e céu.
O arbusto à esquerda mosta a intensidade e a direção do vento
Ah! Ia me esquecendo de falar do vento. Quando saímos de Ambato em determinados  momentos soprou um vento sem direção definida que teimava em balançar as motos, principalmente quando estávamos fazendo curvas. Algumas vezes tive a impressão que a dianteira da moto flutuava, estava fora do chão. Hoje, à medida que viajávamos pelo deserto e nos aproximávamos do Oceano Pacífico o vento novamente tomou forma e nos açoitou de forma constante soprando sempre do mar para a terra. Não que tenha uma comparação com o vento da Patagônia, mas os que nunca viajaram por lá tomam um belo susto.
Para finalizar por hoje quero dizer que o sonho durou pouco, foi só apear da cordilheira que as motos voltaram ao seu consumo normal, entre 360 e 400 km por tanque de 16l. Quando saímos de Loja e descemos abruptamente a cordilheira pensei que a BM ia me decepcionar, pois começou a “bater válviulas” nas retomadas de velocidade na quinta e sexta marchas. Porém quando paramos confirmei que a mesma coisa aconteceu com a do Wyle e no dia seguinte voltaram ao normal. Tudo indica que foi só uma questão das injeções eletrônicas ajustarem seus mapas às novas condições de altitude.

3 comentários:

  1. Olá meu grande amigo, estou viajando todos os dias com vcs, espero melhoras para o Wily e avisa pra ele que se presisar de um piloto pra trazer a moto dele estou aki esperando. kkkkkkk abraço!!!

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  2. estou acompanhando essa grande aventura Verô, e adorei a idéia do Blog.

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